Café com Vinagre

Foto tirada durante a manifestação realizada hoje (15/06), em BH.

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Tem gosto pra tudo. Teve até quem batesse uma pra Regina Casé nas pornochanchadas da década de 70 (ou 80, sei lá). Tem gente que curte depredação, e tenta se convencer com sofismas de que, já que bandido explode caixa eletrônico, tacar pedra em vidraça de agência não tem nada a ver. Tem gente que prefere vaiar sonoramente a presidenta durante um discurso. Ouvi dizer que, como a frota de ônibus que atende ao transporte público não é nova, destruir os ônibus é justificável. Tenho pena dos paulistas/cariocas, donos de Brasílias e Corcéis, que cruzarem com esse tipo de gente. A frota de BH deve ser tilintando de nova, porque, no movimento de hoje, não se teve notícia de um vidro de coletivo sendo quebrado.

Li por aí que a galera que foi pra rua se inspirou nos cariocas e paulistas. São eles que deviam se inspirar nos mineiros. 8 mil pessoas em passeata, nenhuma ocorrência, nenhuma cena lamentável de pancadaria, nenhuma ressalva a fazer. Nem sobre os manifestantes, nem sobre a polícia. Dizem que teve até quem andasse exibindo sua garrafa de vinagre por aqui sem ser incomodado. Os mais radicais, talvez, tenham ficado decepcionados. Passeata sem confronto com a PM não tem glamour, não tem aquela cara épica de que a história está sendo escrita, não tem aquele ar de rebeldia juvenil. Provavelmente é uma galera que se frustra por ter nascido 3 ou 4 décadas atrasado. A ditadura acabou.

Quem quer fazer a diferença, faz acompanhando o trabalho do parlamentar eleito pra representar tua vontade, cobrando o gestor eleito pra administrar os impostos que você paga. As ferramentas disponíveis pra fazer o camarada cumprir a função pública pra qual ele se candidatou tão aí, à disposição de todos. É só saber usar. Além disso, é possível nos fazermos ouvir sem recorrermos a violência. Teve país ficando independente sem ser necessário dar um tiro. Não adianta nada achar lindo tacar fogo em ônibus, se nem nunca olhou pro organograma da PBH pra saber quem é o gestor da sua regional. Não adianta nada implodir uma agência bancária e votar nulo na eleição (ou pior, nem lembrar em quem votou). O voto branco/nulo é a submissão da sua vontade à vontade dos outros. É se abster justamente na hora em que você deveria se expressar. E, quanto a mim… bom, quanto a mim, eu prefiro o Hulk no lugar do Lucas mesmo.

Ps – Essa policial militar no centro da foto é a Coronel Cláudia Araújo. Pra quem não sabe, ela é a chefe do Comando do Policiamento da Capital (além de ser aquela que foi chutada por um gringo no jogo Atlético x Arsenal).

Ps2 – Faço votos de que a galera daqui continue se manifestando conscientemente.

Ps3 – Importante lembrar que esse tipo de manifestação havia sido proibida durante a Copa das Confederações. Mesmo assim, o bom senso reinou na parada.

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Isegoria. s.f. (do grego isegoría, de isos, “igual”, e agoreúo, “falar em público, em assembleia”): 1. Princípio da democracia antiga ateniense que garantia liberdade e igualdade de fala em assembleia para todos os cidadãos; 2. Como a isonomia (igualdade dos cidadãos diante da lei), um dos nomes pelos quais era chamada, metonimicamente, a própria democracia; 3. Com a isocracia (igualdade entre os cidadãos de acesso ao poder), um dos mecanismos que garantiam e legitimavam o caráter participativo do sistema democrático; 4. Garantia de exposição pública do pensamento político de cada grupo ou indivíduo.