O Café e o Profeta.

Protesto


Placar informal e oficioso das manifestações:

Melhorias efetivas e duradouras: 0
Nível qualitativo das exigências: 0
Mortes: 1
Escolas incendiadas: 1

Nível Político atual dos manifestantes: Punheta

 

Não precisava ser gênio pra enxergar qual seria o resultado da falta de um comando central e de uma bandeira plural que unificasse a voz dos manifestantes. Várias pessoas (eu, inclusive), avisamos sobre a falta de profundidade das manifestações, sobre o perigo de não se organizar o movimento e sobre a inutilidade de se manifestar por causa de “tudo”, ou contra coisas abstratas.

Confesso que to perdido no meio do que aconteceu hoje. Faço minhas as palavras de um amigo, durante um desabafo sobre o ocorrido: “Nossa cara, sei lá, vamo estudar isso tudo que rolou e haja criticas […]. Serve de critica pra atuação dos partidos, que ficam alijados das ruas e aí deu nisso”. Ele milita pelo PSOL, e faz parte de um núcleo do partido aqui em BH (sim, eu sou de direita, e sim, conseguimos ser amigos normalmente).

E é justamente dentro do contexto partidário que acredito estar a única lição que preste de uma agitação enorme que se perdeu. O Brasil tem dezenas (talvez centenas, talvez milhares) de partidos, e a população, de maneira geral, não se identifica com nenhum deles. Na verdade, ouso dizer que ela despreza todos eles. Seja pela falta de identificação ideológica, seja pela falta de caráter dos expoentes de determinadas siglas. É uma situação muito perigosa. No formato atual de democracia, as siglas são de extrema importância para o debate e para o processo democrático. Ver essas reações violentas contra todos os partidos, e em especial contra os movimentos de esquerda,  me preocupa muito. Discordo ideologicamente deles, mas enxergo a importância da esquerda para a produção do debate político, e para a construção de um ambiente plural, onde as ideias dialoguem até se chegar ao ponto de equilíbrio. Sou tão contrário ao facismo quanto qualquer esquerdista é. Sou democrata, sou a favor do debate, e, acima de tudo, das liberdades individuais.

Eu avisei que a falta de pauta seria perniciosa. Avisei que a falta de um ordenamento abriria espaço pro oportunismo e pra anarquia. O que vemos agora é uma multidão acéfala. Um bando que não sabe o que quer, nem pra quem pedir, já que os movimentos que originaram toda essa onda se retiraram de campo. O meu medo agora é o tipo de ideia que vai pastorear esse rebanho humano, e pra atender a quais interesses ele será pastoreado. Queima de bandeiras de partidos, espancamento de militantes… desde os idos de 64 eu não ouvia falar disso no Brasil.

Ps – Repúdio total a imbecilidade que reinou hoje.

Ps 2 – Voltem pra casa, não vai sair nada que preste disso daí.

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Isegoria. s.f. (do grego isegoría, de isos, “igual”, e agoreúo, “falar em público, em assembleia”): 1. Princípio da democracia antiga ateniense que garantia liberdade e igualdade de fala em assembleia para todos os cidadãos; 2. Como a isonomia (igualdade dos cidadãos diante da lei), um dos nomes pelos quais era chamada, metonimicamente, a própria democracia; 3. Com a isocracia (igualdade entre os cidadãos de acesso ao poder), um dos mecanismos que garantiam e legitimavam o caráter participativo do sistema democrático; 4. Garantia de exposição pública do pensamento político de cada grupo ou indivíduo.